A Quaresma é um período de quarenta dias, que se inicia na Quarta-feira de Cinzas até a Quinta-feira Santa, com a Missa da Ceia do Senhor, antes do anoitecer.
Neste tempo, a Igreja nos convida a uma profunda preparação para a grande Festa da Páscoa, mediante a pratica da oração, da penitência, do jejum, e da esmola.
Viver a Quaresma é reconhecer a presença de Deus em nossa caminhada.
O número quarenta na Bíblia
Biblicamente, quarenta é o número da espera, da preparação, da penitência, do jejum e até do castigo.
Recordemos:
ü Por quarenta dias e quarenta noites choveu durante o dilúvio (Gn 7,4). Os quarenta dias e quarenta noites de jejum total de Moisés no Monte Sinai se preparando para receber as Tábuas da Lei.
ü Os quarenta anos de peregrinação dos israelitas no deserto rumo à Terra Prometida (Ex 16,35).
ü A cidade de Nínive fez penitência durante quarenta dias para escapar do castigo divino.
ü Elias viajou durante quarenta dias até chegar ao monte Horeb, onde Deus se manifestou na brisa (IRs 19,8).
ü Jesus jejuou quarenta dias no deserto, preparando-se para a sua missão (Mt 4,2; Mc 1,13; Lc 4,2).
ü Após sua ressurreição, apareceu durante quarenta dias aos discípulos (At 1,3).
Quarenta é, portanto, um número redondo que indica um tempo de preparação para algo que virá.
O sentido pascal da Quaresma
A Quaresma não pode ser compreendida como um tempo de sacrifícios e sofrimentos desligados da vitória de Cristo sobre a morte na Páscoa. Na verdade, participamos dos sofrimentos de Cristo para também participar de sua glória. Preparados e purificados pelo tempo penitenciai, os cristãos renovam sua consciência de batizados: banhados e iluminados em Cristo.
Tempo de Batismo e de penitência
O Concílio Vaticano II insistiu no duplo sentido da Quaresma: preparação ou lembrança do Batismo e tempo de fazer penitência. E o tempo privilegiado para preparar os adultos para receber o Batismo. Já a renovação batismal se dá através da escuta mais atenta aos apelos da Palavra de Deus.
Renovar o Batismo
Trata-se de tornar-se mais discípulo, mais seguidor de Jesus. Através do Batismo, Cristo nos converteu e nos reconciliou com o Pai. Por sua morte na cruz e por sua ressurreição, somos uma nova criatura.
Fazer penitência
A penitência cristã está fundada no Batismo, pois quem cai no pecado pode renovar a aliança com Deus através do sacramento da Reconciliação. O pecado, o egoísmo e o isolamento do dia-a-dia rompem nossa relação com Deus, que é sempre fiel ao seu plano e por isso dá novas oportunidades para voltarmos a ele.
A conversão, entretanto, precisa de arrependimento, mudança de atitudes e reparo do mal causado. Por isso, é tempo de deixar-se conduzir pelo deserto da vida. Esvaziar-se de muitas coisas que não nos ajudam ao longo do caminho. Ir para o "deserto" da vida significa abandonar os velhos vícios, condutas e posturas que nos impedem de ver Deus e amar os irmãos. É rever nossas atitudes, reconhecer nosso lado negativo para superá-lo e vencê-lo.
Práticas quaresmais: oração, jejum e esmola
A Quaresma propõe alguns exercícios que mostram o caráter da conversão.
Na Quarta-feira de Cinzas, escuta-se o evangelho de Mateus (6,1-8.16-18), em que Jesus faz referência à esmola, à oração e ao jejum. São posturas que visam a uma nova relação do ser humano consigo mesmo, com os outros, com a natureza e com Deus.
Como celebrar a Quaresma
Por ser um tempo penitencial de volta ao Pai, de refazer o caminho da vida, é preciso valorizar os sinais comunitários que indicam essa condição.
Destaca-se o ato penitenciai nas celebrações para cantar a misericórdia de Deus, que acolhe quem se afastou e deseja voltar para casa do Pai.
O madeiro da cruz ganha destaque como caminho necessário para a Páscoa. Dentre os gestos, o estar de joelhos revela a condição da criatura humana que se abaixa e adora o mistério infinito do amor misericordioso do nosso Deus.
É uma época especial para o sacramento da Reconciliação e as celebrações penitenciais comunitárias.
A piedade popular nos convida à oração da via-sacra, para trilharmos, com Jesus, o caminho que passa pela cruz, mas que conduz à ressurreição.
A Igreja reveste-se de roxo, recordando a atitude de recolhimento, reflexão, penitência, vigilância.
Não cantamos o Aleluia nem o Glória, também não colocamos flores na igreja nem usamos muitos instrumentos musicais.
Para destacar o sentido batismal, é importante usar o rito de aspersão com água benta nas celebrações.
Fonte:A mesa do pão./Paulinas