Seguidores

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O Evangelista Mateus: a missão de "fazer discípulos"



A visão de Mateus sobre a missão é caracterizada pelo "grande envio" relatado no final de seu evangelho (Mt 28,16-20). "Os onze discípulos voltaram à Galiléia.... Quando o viram prostraram-se; mas alguns tiveram dúvida. Jesus se aproximou deles e disse:

'Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações, batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos".

O primeiro evangelho é essencialmente um texto missionário. Mateus escreve não tanto para contar a vida de Jesus, mas para apresentar um itinerário para uma comunidade em crise e para aprofundar seu chamado à missão. A comunidade de Mateus, uma comunidade proveniente do judaísmo situada num ambiente de pagãos, está passando por momentos de crises de identidade: o que vai acontecer no futuro? A comunidade pode continuar no judaísmo? Jesus é mais que um profeta? Alguns membros dão ênfase à lei e outros ao Espírito. Quem está certo?

Mateus acha que todos têm uma certa verdade e falhas. Desta maneira, ele prepara o caminho para a reconciliação, o perdão, o amor mútuo na comunidade. E parece que todas essas tensões podem ser superadas, se todas as forças pudessem ser dirigidas para a missão no meio dos pagãos. Mateus afirma claramente que a identidade da comunidade é "a comunidade em missão". Afirma isso quando escreve que todo o caminho de Jesus se endereçava aos judeus e aos pagãos e termina com o grande envio final.

Há três verbos no "grande envio" que destacam o caminho da missão. A expressão "fazer discípulos" é a mais central. O "fazer discípulos" é a expressão chave para o caminho da missão. A expressão "fazer discípulos" aparece somente quatro vezes no Novo Testamento: três vezes em Mateus (13,52; 27,57; 28,19) e uma vez nos Atos (14,21). Para Mateus, o termo "discípulo" não se refere somente aos doze apóstolos (como aparece em Marcos e Lucas). Discípulo é o protótipo da Igreja e inclui, também, todos os "discípulos". "Fazer discípulos" significa convidar outros a serem o que eles mesmos são: os que esperam o Reino de Deus (5,20) e são o sal e a luz do mundo (5,13).

Para Mateus, o que se aplica a Jesus diz-se também em relação aos discípulos. Em Mt 10,24, "O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor. Para o discípulo basta ser como o seu mestre, e para o servo, ser como o seu senhor", no sofrimento e na autoridade missionária. Há, porém, diferenças entre um e outros. Ele, Jesus, é o Senhor. Os discípulos não são perfeitos e experimentam a fraqueza e as contradições. Muitas vezes são classificados como pessoas de "pouca fé", cheios de dúvidas e receios.

A fragilidade e a vulnerabilidade dos discípulos é experimentada em sua própria identidade: eles estão vivendo à beira da hostilidade dos judeus e pagãos. Assim aconteceu com Jesus. A missão nem sempre é vivida na certeza; muitas vezes se abastece da fraqueza. Há sempre uma tensão dialética entre adoração e dúvida, entre fé e medo. Mateus é o único evangelista que põe na boca de Jesus o termo "Igreja" (Ekklesia) (Mt 16,18 e 18,17). Não se trata aqui da conotação de uma instituição ou denominação.

Quando Mateus identifica a missão como "fazer discípulos", não está pensando em aumentar o número de adeptos de uma ou outra denominação. Ser discípulo não significa necessariamente ser parte de uma denominação local ou ajuntar membros para o próprio grupo. A perspectiva de Mateus é de um discipulado exigente. Existe tensão, em Mateus, entre o termo Igreja e o fato de fazer discípulos.

De outro lado, os dois termos não estão separados. Em si, todos os membros da Igreja deveriam ser verdadeiros discípulos, mas nem sempre é assim. Há joio no meio do trigo, como há peixes maus na rede com bons peixes. A presença contínua de Jesus está ligada ao engajamento dos discípulos na missão. É no fato de "fazer discípulos", "ensinar" e "batizar" que Jesus estará com os missionários. Exatamente porque Jesus está presente no meio dos discípulos é que eles vão para a missão.

Autor: Giorgio Paleari
www.pime.org.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário


Consagração ao Imaculado Coração de Maria

Ó coração Imaculado de Maria, repleto de bondade, mostrai-nos o vosso amor. A chama do vosso Coração, ó Maria, desça sobre todos os homens! Nós vos amamos infinitamente! Imprimi no nosso coração o verdadeiro amor, para que sintamos o desejo de Vos buscar incessantemente. Ó Maria, vós que tendes um Coração suave e humilde, lembrai-vos de nós quando cairmos no pecado. Vós sabeis que todos os homens pecam. Concedei que, por meio do vosso materno e Imaculado Coração, sejam curados de toda doença espiritual. Fazei que possamos sempre contemplar a bondade do vosso materno Coração e convertamo-nos por meio da chama do vosso Coração. Amém.